Não fui eu que cuspi a saudade pelos poros da tua língua.
Não fui eu que te consolei com pseudo-carícias perdidas no arco do violino que jamais soubeste manejar.
Não fui eu que te estendi a mão. Estendi um abraço e de tanto apanhar sol, secou. Não fui eu que te amei. Não! Não fui. Foste pedaço de sonho. Personagem secundária do meu enredo. Esta película poematográfica de ilusões em exibição no eterno cinema da minha cama onde sou o realizador das tuas insónias e o telespectador do meu sono.
Não fui eu que avariei os teus sentimentos depois do divórcio. Depois do penúltimo suspiro à beira da infidelidade. Depois de descobrirmos que nada tínhamos a ver um com o outro além de sermos dois desconhecidos a partilhar o mesmo leito. Não fui eu que te fiz chorar ao esconder a tua identidade debaixo de água para que submersa em futuras memórias minhas fosse amnésia. Não! Eu não fui. No fundo do posso esqueceste que só eu poço alterar a ordem incontornável das palavras e simular equívocos na gramática do teu raciocínio e desentupir as artérias dos esconderijos que injustamente te escondem do palco e disparar um grito sem adulterar o som do seu eco irrepetível e engolir os teus assobios nocturnos e remastigar a saudade como um oleiro a rasgar uma fatia de barro e entrar num confessionário e não ter senão uma única palavra para dizer: Sim! Sinto-me dono das minhas alegrias fulgurantes e das outras insinuações também. Sim, cometi o delito premeditado de não te chorar e de me tornar intuitivo e quebrar as arquitecturas dos teus caprichos e remover-te daqui para bem perto e ser trágico como a imperfeição de existir e magnânimo como um bicho teimoso a refilar com a monotonia e ousado diante de ti e fecundo diante da vida e não ter principio meio e fim e não me repetir nunca, nunca, nunca. E já agora, que se lixem os trezentos e não sei mais quantos dias do ano. De ti, só quero um minuto. Para te esquecer!
Corta!! Pára tudo!! Desliguem os projectores!! Desmontem o cenário!! Acabou. Não filmo nem mais um segundo deste espectáculo cujo seu próprio destino não domina.
O Amor Seja Sem Hipocrisia
Há 3 semanas
64 comentários:
muito bom! um titulo sugestivo, o texto transmite algum sofrimento, mas também uma enorme força de vontade de querer deixar esse episódio para trás e prosseguir em frente...
Gostei! ;)
45 abraços!
Obrigada pela sua visita e por suas palavras carinhosas!
Beijos
Oxyder
Obrigado amigo por teres assistido e gostado desta minha curta-metragem, é inegável que nela revelo capítulos dramáticos que se misturam e entrecruzam com o cómico, com o entusiástico... No fundo é a vida... Bem visionado o filme :-) encontras um pouco de tudo.
45 abraços :-)
Caracas amigo!
Gostaria agora de minha vida poder fazer um corta e refilmar muita coisa de novo.
No meu blog já é outono.
bjs
Que belo texto!
Bjs
Dama de Cinzas
Obrigado pela tua também, um beijão a renascer...
Bandeiras
Gostei do "refilmar" realmente é bom rebobinar os momentos marcantes... :-)
Ana Clara
Obrigado pela passagem! Um beijão grande!
Meu bom Amigo,
As minhas desculpas pela ausência. Tive o meu filho operado e tive de lhe prestar as maiores das atenções.
O teu Post;
Rico de palavras e bem escrito como que um poema se trate. Existe uma agonia nesse sentir, mas também a necessidade de partir para um sentir mais desejado. Contudo esse sentir em agonia, não deixa de demonstrar o que a tua Alma é e quer. Poderoso o Post.
Parabéns
Um Forte Abraço
Bravo! Gostei do filme.
Só faltou a pipoca, hehehehehe!
Ser feliz é urgente!
Jah! booora que a felicidade não espera.
Beijos
Bom take ;)
Tão minhas as palavras que me vi nelas, num filme que saiu há pouco de exibição, felizmente..
Bom fds, hoje é um excelente dia para ser feliz!
Muito bom texto... simplesmente excelente.
Profundo, com sentimentos, com um bom título.
Gostei!!
Um abraço
Luis
Estimado Amigo:
Estas coisas acontecem no palco do "filme" da vida.
Sensações imensas. Perdas imensas.
Faltas de entendimento no enredo do amor.
Instantes seguidos de instantes imperfeitos. Não sei se causam dor, mas o "filme" para ser feito passa por tudo isto sem se conseguir bem a indefinição do que queremos verdadeiramente.
Um poema arrebatador. Sincero. Autêntico.
Um poema soberbo nas imagens criadas no "cinema" sentido de pureza existencial.
Ainda bem que é feliz!
Abraço amigo de imensa consideração e estima.
Com respeito pelo seu talento e capacidade poética
pena
Sérgio Figueiredo
Um abraço amigo ao teu filho e que Deus o ampare, calculo que o pior já tenha passado e que neste momento esteja a convalescer e a adquir forças... As melhoras sinceras pra ele, Sérgio!
Relativamente a prosa poética;
Muitas vezes escrevemos na mesma língua mas somos interpretados numa linguagem diferente.
Tal facto acontece, com frequência, por força da data em que o texto é escrito e a data em que o mesmo é publicado (já pra nao falar do tempo intermédio entre o começo do poema... e o seu acabamento, às vezes escrevo uma frase e da-me uma branca; branca como poderia ser amarela ou verde ou azul tanto faz :-) desde que me saiba amar... Ehehe :-) e só passado dias é que volto a pegar na frase...) o resultado é a divergência do sentir que as palavras assumem na data em que o texto passa do rascunho ao leitor. Por outro lado, as datas podem ser adúlteras. Melhor, adulteradas :-)
Amigo obrigado pelos teus comentários sempre estimulantes!
Abração!
Val Du
Amiga, esqueci as pipocas mas não são poucas as ternurinhas que te envio agora. Obrigadão por sentares ao meu lado na plateia!
Maria
Qualquer um de nós pode estar incluso neste "filme" como personagem principal ou figurante. Obrigado pelo teu bom gostar!
Luís F
Eu também gostei do título nem imaginas a quantidade de títulos que o texto teve até chegar a "luzes,câmaras,acção!!" mas de repente,fez-se luz!
Outra coisa teria sido repetir a palavra "eco" várias vezes de forma a fazer mesmo eco ao leitor no momento da leitura. Criar uma ilusão fónica e acústica! Mas... Ei-lo!
Abraço grande!
até de olhos fechados no fundo do posso tu consegues escrever uma longa metragem que te salva do posso,mas te aprisionas ao poder de seres o proprio poço que nos atrai a este suspense de ficçao de negaçao romantica onde a felicidade dura apenas 1 minuto nao vivido.
Luisíndia Caetano.
Pena
Viste bem o "filme"!! Ele é uma mera disposição afectiva transitória que reune uma série infinita de outras disposições inseridas nesta nossa curta-metragem e curta passagem com metros e quilómetros de tanta coisa boa por deliciar...
Abraço poematográfico :-)
Luisíndia Caetano
:-) Só eu poço recriar a ordem e os equívocos ortográficos da ficção que me realiza! eheheh nem imaginas o prazer que me deu essa pirueta, foi de rir... E gostar...
Beijão real :-)
gostei imenso do texto.
a mim transmitiu-me k apesar de haver sofrimento esse sentimento negativo foi transformado em coisas boas.
bjoh***
Trebaruna 666
Sem dúvida!!
Quando estou de facto irritado com alguma cena, não escrevo, opto por não escrever. So depois de digerir o episódio é que, enfim, quem sabe?
beijão com muitas coisinhas boas para ti tambem!
No filme da nossa vida é indiscutível a importância de sermos nós próprios a escrever o guião, sermos realizadores e actores da nossa própria história...mesmo com as desilusões, amarguras e indignidades que possamos sofrer por isso.
Viver a Vida, sendo Nós próprios a cada instante, é o mais importante!
Ena!
Senti isto num crescendo!... quase me tiravas a respiração!
Espero que seja mesmo ficção.
Bjs
Bom actor. ;-)
Belíssimo texto, onde se movimentam vontades e quereres sem medos...
Gostei.
Amiga passei para te desejar um belo fim de semana e dizer-te...
Não caminhes á minha frente,posso não saber seguir-te, mas também não caminhes atráz de mim, posso não saber guiar-te.
Mas caminha a meu lado e, sê apenas minha amiga.
Beijinho prateado com carinho
SOL
hum.. gostei muito do texto.. :)
as vezes a realidade e bem mais inacreditavel e mais irreal do que os filmes...
*
Paradoxo
A realidade do cinema, e da vida.
Dois pontos de observação neste texto digno de cineasta.
Arrisco...Oscar...pela certa!
Um abraço.
Alma Nova
A realidade é um vício incurável e a vida desenrola-se ao nosso lado à margem dos nossos desígnios.
Felizmente, esta imagem desfaz-se no momento exacto em que seguramos as rédeas do nosso próprio filme e desfrutamos a sequência de cada capítulo e de cada versículo.
Concordo em pleno contigo!!
beijinhos!
Perla
Tenho dito:
As palavras são a varinha mágica dos ilusionistas que recriam a vida e nos deixam sem perceber onde acabou a ilusão e/ou ficcção e onde a realidade nunca existiu.
beijão grandão amiga!
Sinhã. A
Quantas vezes mascaramos a nossa verdade fundamental? Quantas vezes anulamos as nossas verdadeiras vontades por receio... ou simplesmente pra não fazer má figura? Quantas vezes somos escravos da vaidade e do gozo superficial?
Mais que muitas, suponho.
Que cintile sempre a luz e que a câmara nunca se desligue e a acção seja sempre nostálgica e próspera!
Beijinho, obrigado :-)
Sniqper
Obrigado pela profundidade...
às vezes sou assim... sabes. a caneta como uma espécie de martelo. nada escapa. nem mesmo eu :-)
abraço!
Lua Prateada
Todos os comentários são bem-vindos mesmo que por lapso :-)
Xanata
Sou mais adepto das ilusões incómodas. aquelas que refilam com a realidade e desejam se transformar nela. agora é claro que o sofrimento existe (ainda bem!) ser magnânimo e sofrer de maneira útil também exige esforço e sofrimento. sofremos porque sonhamos e sofremos quando não sonhamos.
cada um cria as suas tábuas de salvação e a sua maneira de atingir a plenitude de si.
Haja um túnel ao fundo da luz :-)
beijão Xanata!
Outono
:-)
O teu comentário é um verdadeiro Oscar ao texto! A noção exacta do equilibrio entre o real e o fantástico. Um Oscar que me conduziu a um sorriso... eheheh
acredita!
A vida não tem placas de sinalização mas todos os dias nos arriscamos seriamente a ser felizes!!
abração!
Excelente texto! Por vezes é preciso cortar as amarras e começar de novo!
um beijo
obigada pela visita
'há dias assim, em que a maior saudade que sinto é a saudade de mim. (jeanete ruaro)
Beijo
Anamarta
Recomeçar é sempre um bom começo. Obrigado pelas visitas e pela simpatia que deixas quando passas! :-) beijinhos
Vertigo
Muitas são as vezes em que a única ausência que sentimos é a nossa. Há imensa gente na carruagem. Menos nós.
Um beijão de mim!
... sempre no palco, sempre em acção
luzes??!! tem dias
Que sejas o actor principal do teu próprio filme e que nunca (mas mesmo nunca) tenhas saudades tuas.
Isso nunca.
De vez em quando é mesmo saudável cortar um dos "takes" em que a nossa vida, sem darmos por isso, se desenrolou e tomarmos nós próprios - qual realizador - as redias do filme.
Beijinhos e até breve!
;O)
Um explêndido take sem hesitações...sem erros de racord...
Abraço
uuiuiui prometo que volto para comentar, agora vou ler outra vez
Fantástico este post. A escrita sai perfeita, as ideias lúcidas...
Parabéns.
O blog é todo ele fantástico.
São as piores. Essas saudades de nós.
Ufa, fiquei sem fôlego! Mais um daqueles que não dá p'ra comentar.. de tão genial e PODEROSO que é!:) Beijão*
Há alturas que escrever um texto assim ajuda a libertar um pouca da dor que nos que nos assola.
Viver numa relação que já não nos trás alegria é viver na escuridão... todas as relações passam por bons e maus momentos. Há que fazer esforços para manter as coisas e seguir um caminho comum, mas há alturas que a "morte" já caminha ao nosso lado e que, por muitos passos que se dêem, o fim está à vista...
Quando se vê o fim não adianta continar um caminho que não nos leva a lado nenhum...
BJokas
P.S. Muito bom o texto...
quero apenas dizer-te que foi o texto mais lindo que li nos últimos tempos, principalmente porque o senti...e que essa culpa sempre te persiga
bom dia
bjs
Segurademim
Obrigado pela LUZ da tua visita!
beijão com muita luminosidade em nós! :-)
Ariana Luna
A saudade que sentimos pelos outros é a saudade de nós, isto é, dificilmente sentimos a falta de alguém quando nós próprios estamos ausentes!
beijinhos com a tua saudade! :-)
Lyra
Em pleno Lyra!! concordo!! Tenho cortado alguns...
beijão até breve, brevemente!
Profeta
Palavras hiper-intensas, as tuas!
obrigadão, abraço meu!
Desambientado
Excelente cenário em forma de elogio :-) mais um de ficar corado!
abração amigo!
Grato!
Rosa
Não sei. Mas... é bem provável. Depende de quem sente!
beijinhos em flor, Rosa!
Xinha
O que hei-de dizer amiga? Eu é que fico sem fôlego com a tua PODEROSA riqueza interior!
beijão Pei Xinha :-)
Sonjita
Sem qualquer dúvida!! Estamos juntos, com a mesma opinão.
Quando chegamos ao zero é forçoso ascender e não rastejar...
HÁ REMÉDIOS QUE NÃO TÊM CURA. :-)
Obrigado pelas lúcidas palavras!
BEIJÃO grande!
Olá! Adoro filmes que relatam casos da vida real, o teu é bem real e com muito sentimento. Gostei, parabéns e um abraço :)
Carla
Assim não vale :-)
"quero apenas dizer-te que foi o texto mais lindo que li nos últimos tempos" ?
Palavras assim são de gostar e esbanjar satisfação...!!
Cupado? Confesso-me! :-)
- Esta película poematográfica de ilusões em exibição no eterno cinema da minha cama onde sou o realizador das tuas insónias e o telespectador do meu sono! :-)
beijão amiga!
Capriccio
Todos os possíveis atributos desta poematografia residem no facto de a vida ser uma 9ELA que por vezes também nos arma ciladas positivas de Felicidade!
Poema que é também uma breve 9ela da vida irreal e da Vida.
beijão amiga, obrigado! :-)
Vá até onde sua vista alcança, chegando lá entenderás que podes ver mais adiante ainda, e assim infinitamente, isso é lindo, apesar dos sofrimentos e perdas...
abraços
Uma pessoa de repente tem um pedaço de tempo, sossego e silêncio e deixa-se navegar. No eremitério lê os textos dos outros participantes e há sempre um ou outro que chama mais a atenção, talvez pelo compor dos verbos, talvez por outra razão, sei lá.. :)
Depois dá-se o salto e fica-se agradavelmente surpreendida. Agradada por encontrar o estilo de escrita que se aprecia mais.
A mim aconteceu-me aqui.
Simplesmente. A antítese dos verbos aqui usados está sublime.
Um beijo
"Corta!! Pára tudo!! Desliguem os projectores!! Desmontem o cenário!! Acabou. Não filmo nem mais um segundo deste espectáculo cujo seu próprio destino não domina.
Culpado confesso-me de ser feliz! Saudades?? Tenho de mim"
Tantas vezes sentimos isso, nao eh meu amigo!? Que maravilhosa interpretacao de palavras. Parece mesmo um teatro.
E muitas vezes na vida, tivemos "saudades de nos"... Parece assim um certo alivio em sair do espetaculo, embora com o coracao sangrando e partido. Estou lembrando dos meus velhos tempos. Mas eu senti isso sim. Assim como acho que todas as pessoas ja sentiram.
Voce fala de sentimentos universais mas os descreve com uma beleza absoluta.
Voce ja escreveu um livro?
Bjs
MARY
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