segunda-feira, 24 de março de 2008

Quase Poema

No teu colo, um cardápio soculento, algarismos de um livro mudo blindado com a coreografia voluptuosa dos beijos que nos lábios ficaram interrompidos por serem impermeáveis ao infinito, no teu corpo, escrever a minha última frase, moldar o eixo e a raíz do teu hálito, rebuscar o perfil da tua língua na minha imaginação sem entrada nem saída, pintar o meu rosto de negro com um bisturi, morder o lugar da ferida, desnortear-me nas curvas da tua estátua de fina porcelana, extraír o sumo gota à gota como lágrimas entre parêntesis e risos entre aspas. No teu colo, acreditar que sou interminável como uma bola de sabão, que terei como desenlace um epitáfio desabitado pelo teu airoso desviver, acreditar que terei uma orquestra a embalar o teu dormir, que gravarei o requinte dos teus gestos pendurados por um fio de saliva na minha boca, no teu colo, darei cor ao carvão que pinta a epiderme dos meus olhos e no corpo serei quase poesia, quase poema, quase humano, quase loucura, quase nada, quase sempre tudo ao contrário, quase um coração vazio gravemente de boa saúde, quase um cardápio que não sei, quase um livro mudo talvez blindado com a coreografia interrompida da tua primeira frase que dança no meu diário sem entrada nem saída, quase um rosto incolor pintado de uma cor qualquer nos lugares sem ferida, quase uma bússola das curvas e contra-curvas entre parêntesis intermináveis como um epitáfio prospectivo escrito a carvão, quase sempre tudo como previsto, quase dois corações cheios levemente amantes por um fio entre vírgulas e afectos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

sexta-feira, 14 de março de 2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

A chave és tu, mesmo que não saibas onde te esqueceste!