quinta-feira, 21 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lonjura
Se te perguntarem quem descascou as pedras e hoje atira os seus gomos contra os rios que se recusam a fazer amor com as palavras, diz-lhes que não estou. Saí. Fui mergulhar as mãos noutro lugar perto da tua ausência. De que serve, agora, tentar escrever uma gota d´água sem molhar os dedos?

Palavras são corpos em solidão…

Fui aprender a fotografar lábios escritos em pedras tão pesadas como se tivessem mil beijos dentro. De que vale lonjuriar memórias, o tempo encarregar-se-á de apagar as ruas que deixaste espalhadas pelo chão.

Hoje, regresso-me pelos meus próprios passos…

Se te perguntarem se há por aí poesia que não seja apenas isto, conta-lhes a verdade. Atira os versos imaturos para o armário ou larga-os no fim da página. Longe, muito longe como se a distância fosse uma gaveta fora do lugar. Diz-lhes com toda a tua voz: “Aqui é o meu poema!”

Distância é o momento mais perto de ti…