quarta-feira, 28 de março de 2012

Poemosamente


Isto não é poesia
é querer sair com os pés cheios de dança
e não ter um par de caminhos para calçar
é arriscar palavras
onde incêndios aguardam amormecidos
a hora de acordar  


Isto não é poesia
é levantar o teu sono com as minhas próprias mãos
e deixá-lo cair cuidadosamente no meu ombro


É ter uma multidão de versos
à volta da boca
e não ter sequer um beijo para declamar

Estar rodeado de nada por todos os lados
e no entanto
reconstruir os remos
e rimar a favor do vento

Isto não é poesia
é o lugar onde o teu sono acaba e a minha pele começa
quando os batuques arrefecem
e gritam contentes a ausência das mãos

O grito
por vezes é apenas isso  
silêncio
coagulação do som

Isto não é poesia
é o acto de fotografar uma pedra lançada ao ar
no exacto momento em que ainda é vertigem

Acender nuvens
para que o céu
no seu profundo e ardente vazio
se incendeie também
em gomos de chuva

Incêndios não amam
são inflamáveis

Não fales destes beijos
pendurados  nos lábios da luz
nem desta paisagem que levo para casa
debaixo do braço
não fales

Escuta
não sou dos que recorrem à escrita
por falta de senda para percorrer a realidade
escrevo com poemeiras intenções
a intenção de existir
enfrentar o mundo
com um sorriso de combate

Poemosamente
profundo

quarta-feira, 21 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Envelhecer
com infâncias à volta da memória