segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


domingo, 16 de dezembro de 2012


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Pousar o sono sobre as pálpebras
Amormecer

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Colocar aspas entre os lábios
Há beijos que não nos pertencem

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Atira-me
esse adeus de pedra escondido debaixo dos teus gestos

domingo, 28 de outubro de 2012

E se o mar amadurecer não te assustes ao encontrares o meu corpo a boiar nos teus braços

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Longe é voltar atrás
comprar o infinito e receber troco de folhas de Outono

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Longe é voltar atrás
compreender que escrever poesia não é apenas bater palmas com as mãos cheias de silêncio. É antes sepultar esse mesmo silêncio no fundo da garganta e, apesar de tudo, seguir em frente

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


quarta-feira, 26 de setembro de 2012


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ao início da manhã, no Jardim da Estrela, uma borboleta caiu do oitavo andar dos meus passos. Foi salva pelo bater de asas do vento.

domingo, 16 de setembro de 2012

Leitor de poesia liderou, no passado dia 21 de Março, uma manifestação com a finalidade de reivindicar os direitos dos poetas amadores. A manifestação surgiu na sequência da detenção do jovem suspeito da autoria dos crimes de polissemia e ofensa à integridade estética da Poesia. No entanto, dos factos apurados, não emergiu qualquer indício da prática de actos susceptíveis de configurar uma contra-ordenação. O suspeito já se encontra em liberdade. Ficará porém vinculado, nos termos do artigo 7º do Código da Expressão Poética, ao cumprimento das seguintes obrigações e regras de conduta:  


A)  Solicitar Livros de Reclamação em lojas de poesia e indemnizar os leitores com palavras em forma de sorriso;

B) Não fazer uso de figuras de estilo para fins cosméticos, mas escrever de modo rigoroso a fim de promover o exercício introspectivo dos leitores;

C) Não praticar actos discriminatórios contra as palavras, em razão da sua imagem, paladar, aroma, sonoridade ou textura;

D)  Não praticar actos de floreado; 

E)  Ter sempre em consideração, o efeito-bússola que a poesia provoca no coração de quem, por lapsos de memória, esqueceu o caminho do primeiro beijo;

F) Remover os restos de música acumulados no interior dos meus ouvidos, no prazo máximo de 365 melodias.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O aumento do preço da água do mar tem provocado uma onda de protestos por parte dos consumidores de poesia.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um rio tropeçou numa gota de água e caiu ao mar. Foi salvo graças à rápida intervenção de um cardume que em cerca de dois minutos chegou ao local, e deu início às manobras de riospiração boca a boca.

sábado, 8 de setembro de 2012

Pássaros acusados de silenciar as ruas durante a noite, declararam agir em legítima defesa dos beijos que a tua boca atropelou nos meus lábios. Tudo indica que não agiram sozinhos. As montanhas ainda se encontram a monte.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E espreitaste pelo buraco da palavra
Quiseste ler as partes mais íntimas do poema

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Rio não é corpo de água à beira do infinito
é lágrima debruçada sobre janelas de água doce

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Deambular-te de um lado para o outro 
como quem esqueceu o caminho do primeiro beijo

domingo, 22 de julho de 2012

Parar de escrever a tempo de não sujar as pedras com nódoas de palavra 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Regressa-me
Como se viesses salvar o rio abandonado no fundo dos meus gestos

segunda-feira, 2 de julho de 2012


sábado, 2 de junho de 2012


domingo, 20 de maio de 2012


Heduardecer

Cose a linha que se soltou do horizonte e caiu levemente como se fosse um corpo de água vazio, um fruto. Ora a Deus para semear cócegas na tua pele para que possas acordar todos os dias com mil sorrisos pendurados nos lábios. Ajuda-me a dar paladar às palavras e a fazer de mil bagos de arroz uma imagem para mastigares letra a letra.

Se um dia soltares a fé que se fez refém em cada sílaba do meu nome, deixa-me Heduardecer o pão que alimenta e leveda silêncios com requintes de poesia. Porque hoje, amor, fica a saber, ao entrar nesta casa onde fizemos do relento o nosso esconderijo, não encontrei a raiz, o tronco, os ramos, e a árvore plantada à sombra do que fomos.    

Compreendi pela primeira vez que o poema, ao contrário do que alguns pensam, não é fruto para comer. É fruto desta ilusão temporariamente infinita cujo corpo e alma são pedras por amadurecer.  

terça-feira, 8 de maio de 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

sábado, 21 de abril de 2012

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poemosamente


Isto não é poesia
é querer sair com os pés cheios de dança
e não ter um par de caminhos para calçar
é arriscar palavras
onde incêndios aguardam amormecidos
a hora de acordar  


Isto não é poesia
é levantar o teu sono com as minhas próprias mãos
e deixá-lo cair cuidadosamente no meu ombro


É ter uma multidão de versos
à volta da boca
e não ter sequer um beijo para declamar

Estar rodeado de nada por todos os lados
e no entanto
reconstruir os remos
e rimar a favor do vento

Isto não é poesia
é o lugar onde o teu sono acaba e a minha pele começa
quando os batuques arrefecem
e gritam contentes a ausência das mãos

O grito
por vezes é apenas isso  
silêncio
coagulação do som

Isto não é poesia
é o acto de fotografar uma pedra lançada ao ar
no exacto momento em que ainda é vertigem

Acender nuvens
para que o céu
no seu profundo e ardente vazio
se incendeie também
em gomos de chuva

Incêndios não amam
são inflamáveis

Não fales destes beijos
pendurados  nos lábios da luz
nem desta paisagem que levo para casa
debaixo do braço
não fales

Escuta
não sou dos que recorrem à escrita
por falta de senda para percorrer a realidade
escrevo com poemeiras intenções
a intenção de existir
enfrentar o mundo
com um sorriso de combate

Poemosamente
profundo

quarta-feira, 21 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Envelhecer
com infâncias à volta da memória

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Escrever poesia é bater palmas com as mãos cheias de silêncio.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Levantar o corpo vestido de cansaço, passar a fome pelos lábios de cada beijo, sair de casa à pressa com os olhos enrolados em sono, seduzir as horas para que demorem só mais um pouco e, no entanto, manter os pés bem assentes no sonho!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Acorda cedo para chegares tarde ao desemprego

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Guardar algumas frases debaixo da língua é talvez a melhor forma de não arruinar a beleza do que se escreveu antes de haver linguagem.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Presumivelmente futuro até que o nada prove o contrário.

domingo, 5 de fevereiro de 2012


sábado, 4 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

As chaves ganharam asas. Por isso não ouves o tilintar dos passos quando me aproximo do teu pensamento.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Escasso infinito

Quando os gestos regressarem ao local das mãos, descasca gotas de água como se fossem gomos de amor abandonados à beira da cama.


Não pendures palavras em varandas de papel enquanto não aprendermos a despentear o sono com pingos de ar fresco.


Quando os gestos regressarem, por favor, abre as mãos e multiplica por trezentos e sessenta graus de infinito, o prazo que te deram para ser feliz.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012








É atear fôlego à respiração das palavras.