segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O passado é o limite a partir do qual tudo se torna presente. O quê que ele quis dizer com isso?

Sei lá! Não me perguntes a mim. Os loucos têm o hábito de dar sentidos imprevistos à normalidade. Tenho mais que fazer do que aturar a lucidez dos outros!

sábado, 28 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tantas razões para regressar à escrita. Não encontro o motivo.

sábado, 21 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Praia de Paço de Arcos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lagrimático
Disseste das mãos que afinam as cordas vocais do vento. As mesmas que pintam o céu da dor do mar. cor-de-aurora. As mesmas que recuam as noites até ao primeiro dia em que apaguei o timbre mudo do teu olhar
“dancem batuques até as pedras se transformarem em música. Acabem a infância noutra idade do corpo. Sacudam as árvores e o fogo os troncos e a água os ramos e o vento. Vaginem-me descaradamente como se o amor fosse a única solidão que descarrego nos braços. Gostem-se também. Bebam a sede à beira da garganta. O ritmo. A rima. Os rios. Tombem em cima dos meus cansaços. Descalcem o caminho por baixo dos pés. Tentem espremer as nuvens até o céu cair gota a gota. Respirem-me fundo como peixes fora do aguário mas não adormeçam nas escamas da minha pele. É preciso muito mais do que chuva para regar um imbondeiro”.
Respondi: “os dias viajam-se à velocidade da luz em excessos de lentidão”.
Disseste das mãos que cosem rugas à flor da pele. As mesmas que multiplicam o pão de cada dia por um milagre à força. As mesmas que fazem lagrimografias a preto e branco à espera do arco-íris. As mesmas que curam os gritos adoecidos na tua voz
“o infinito é um prazo demasiado pouco para nos escondermos nele. Perdoar-me-ás se este poema adiar por mais tempo a brisa do lado de cá do rosto? Perdoar-me-ás se as ilusões não servirem mais de desculpa para escrever? E se perderes o direito de me perder. Perdoar-me-ás se estas mãos não conseguirem poemaciar a tua pele? Seja qual for a resposta. Confesso. A verdade pesa mais por dentro do que na mão que a escreve. Confesso-vos. Poesiam-se-me horas em que distribuo a minha própria ausência por todos os cantos deste habitáculo. Na gaveta da cómoda. Nos retratos mal tratados. Na toalha de renda bordada por nós. Nos pires. Guardanapos. Chávenas. Prateleiras. Almofadas. Em tudo. Porque mesmo quando te encontro. Dos teus braços apenas recebo o abraço que ainda me deves. Faz o que quiseres com as palavras mas não me dês mais poesia para curar o silêncio. Há sons que nada podem em certos dias”.
Respondi “perdoar-te-ei quando colocares um ponto final na eternidade”.
Disseste das mãos que tentam distrair o mundo para lhe adormecer o peso. As mesmas que pesam no rosto como safanões que não se deixam ver de tão pequenos que são
“calem-me a boca à chave e deixem a porta aberta para a inspiração não fugir. Durmam todos os meus sonos. Hoje estou disposta a passear a noite em branco como esta folha este lençol de água que me dorme em cima estas paredes esferovite estas frases poesientas este vazio intensamente cheio a que por vezes se dá o nome de poesia.
Hoje sinto-me capaz de aparafusar o nome do mar à memória para não lhe perder as sílabas. Jurar nunca mais meter pombos-correio dentro de cartas aladas. Surdar os tímpanos só para não te ouvir de voz em quando. Empanturrar-me com o soro que me dás para alimentar a alma. A bem suar o suor da tua pele obscura. Agrafar os pés às asas que usas para desvoar. Dizer-te mudamente com todas as letras que não sou feita à imagem do espelho em que me lês.
Dizer-te. Por mais tua que eu seja serei sempre minha. Por mais poema que sejas serás sempre um versículo escrito em prosa. Mas. Escuta. Deixa-me perguntar só mais uma coisa. Haverá outro modo de atear fôlego à tua respiração sem ser boca a boca?”.
Respondi “nem todos os dias que nascem com palavras nascem com poesia. Mas a vida surpreende-nos sempre. Nem que seja no fim do poema. Até lá. Tentemos aparafusar as sílabas do mar à memória sem lhe perder a distância. Mesmo que no coração não haja espaço para mais ilusões e nos pulmões não tenhamos fôlego-de-artifício para atear à inspiração dos outros”.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

As metáforas também servem para mascarar a ausência de imaginação porque mesmo inventando não estás a criar nada de novo. Apenas a invencriar o ridículo que existe em palavras arrumadinhas por desordem alfabética.

Cada um escreve com a solidão que tem.
"ParadoXos"
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