Brincar o sentimento é brincar corpo a corpo com o espelho. E eu deixei. Não vou mais. Tenho os olhos nítidos como o azul fresco do céu. Já tenho idade para perder o juízo! Mas. Tenho os longes a povoar a saudade. É-me forçoso sonhar ao milímetro sem esticar demasiado as emoções. E se crio insinuações sentimentais ocas por dentro é porque recuso refilar com a infidelidade recíproca das nossas palavras destinadas à demolição. Se me ponho a nu. Quase correndo o risco de me expor. Descalço dos pés aos sentimentos. Coberto com ligaduras coladas à pele. Apalavrando ondulações rítmicas ao amanhecer. É porque mesmo onde não chego vou sempre com um lápis pronto a alvejar o papel.
A escrita é um antídoto eficaz para sobreviver à demolição dos dias.
Mas. Pronto. Chega de circo!! Chega de ferir as atenções dos outros na tentativa de dizer para além dos abecedários. Aqui. Onde me repito em cada disparate novo. Em cada zaragata íntima em fogo-de-artifício. Aqui. Lugar subterrâneo onde tento alegrecer a vida. Não sei em que silêncio começa um poema a ser Poesia. Aqui. Vou sentir a sério sem brincar os bocados de mim que não seriam inteiros senão atacados pelo humor. Enquanto puder. Permanecerei fiel ao delírio. A única razão que me leva a escrever mesmo com versos anteriores ao sonho. Aqui. Chegarei com uma hora de atraso em relação aos meus relâmpagos. Não vou mais sonambular o sono. Não regressarei enquanto não descobrir em que
silêncio começa um poema a ser Poesia. Espectro!
59 comentários:
Na margem do mundo
além dos meus olhos,
Belo,
Sei que o exílio será sempre
verdejante de esperança,
O rio,
Que não podemos atravessar
corre eternamente.
(Samuel Menashe)
Tenha um lindo final de semana cheio de amor e paz no coração
Abraços: Eduardo Poisl
¡Bellísimo! Tus palabras ya son poesía y tu alma el poema que te las inspira.
Un gran cariño.
Talvez que a sílaba onde o poema começa a ser poesia seja aquela em que começamos a ser verdadeiros.
Talvez que a sílaba onde o poema começa a ser poesia seja aquela em que nos surpreendemos com o que nos diz o próprio poema
Talvez que a sílaba onde o poema começa a ser poesia seja aquela em que da própria fealdade, enfim, sorri o Belo
Talvez que a poesia não se inície nunca numa silaba mas no sentimento a que aporta o poema, ou talvez que a própria poesia procure; -início em cada sílaba - chegada a um qualquer porto que lhe abrigue a inquietação do lápis.
Ou talvez não...
poemático bom dia :)
Heis amigo, que tens a sensibilidade de quem vive a vida e não tão somente vê a vida a passar por nós, heis o porquê a tua escrita cativa, activando partes tão pouco usadas no nosso dia-a-dia no cérebro, heis que nos passas os paradoxos sem no entanto nos fazer sentir perdidos.
Obrigado, ainda não esqueci do cafezinho juntos, deixa-me somente acabar uns trabalhos.
E deixo o seguinte dizer:
"Um corpo nu, reflecte uma alma confiante"
Aquele abraço.
A escrita SERÁ SEMPRE um antídoto eficaz para sobreviver à demolição dos dias.
E não existe palavra certa.
Existe um sentimento que nos exulta a escrever...
Como tu BEM SABES.
Beijos de bom fim de semana.
bem pontuado...
obrigada pela visita registrada no meu blog! =)
a poesia não começa sempre na mesma sílaba... mas sabe-se quando é poesia.
e nos teus paradoxos há poesia. e eu gosto .
um beijo e obrigada.
A conjugação das palavras leva a estes textos que me "derretem"...
bj
Genial Amigo:
Que seria da "poesia" sem ti que nem sei se existe...?" Por certo assistiríamos a um colapso total...é a resposta na mesma fabulosa, simpática e respeitável"moeda" que me dirigiste, amigo notável...!
"...Chega de circo!! Chega de ferir as atenções dos outros na tentativa de dizer para além dos abecedários. Aqui. Onde me repito em cada disparate novo. Em cada zaragata íntima em fogo-de-artifício. Aqui. Lugar subterrâneo onde tento alegrecer a vida...".
Qualquer "coisa" bela como que inexistente que existe dentro de ti, admirável e majestoso amigo...!
Abraço forte com enorme respeito e fascínio...
Algures num local paradisíaco do nosso Planeta que nos pertence a todos...
pena
Escrever, para mim, é sempre um exercício que faço com gosto e do qual sinto e tiro prazer. Dou largas à minha mente, ao meu espírito, à minha alma. É a escrever que muitas vezes me refugio nos bons e maus momentos.
Um abraço
"Permanecerei fiel ao delírio."
E eu fiel à tua escrita criativa... às tuas palavras que se renovam em cada dizer... ao teu SER... porque sim. E um poema só pode ser poesia nessa sílaba primeira do teu nome, Eduardo!
O nosso beijo partilhado
[bom fim-de-semana, querido amigo]
belas palavras.
Heduardo,
disparates.. Nunca!. Sabes, ler-te é um misto de sensações indescritível. sempre . é bom .
Tem um dia (que 'dizem' ser da Mulher!) muito Feliz! seguido de muitos outros não menos fantásticos!
deixo um abraço, o sorriso de sempre e saudades!
mariam
Tendo a achar que os blogs são locais onde um pensamento empurra outros pensamentos e quando um texto me perturba, completa um pensamento inacabado ou me inicia um novo pensamento, é irreprimível largar essa perturbação no lugar em que foi empurrada.
Deu-me alegria que tivesses gostado.
Obrigada
Cê' é muito especial!
Por isso, tem homenagem pra você no iDjay-C!
Acesse: http://idjay-c.blogspot.com
xD
A escrita...sempre mulher fatal de indecisões...
E nós...apaixonados e golpeados corações, caimos sempre na tentação desse lutar...em cada esquina da palavra.
Abraço.
Acho que já descobriste, miúdo!! Contudo há sempre mais silêncios a descobrir - e tu lá chegarás, tenho a certeza:))
Abraço de descobertas
(...) "Permanecerei fiel ao delírio."(...)
sim permance fiel e deixa-nos deliciar com as tuas palavras
Beijinho
É fascinante como escreves bem, Edu. E gosto demais de te ler. Ando meia sumida, mas creia que tenho uma grande admiração por você e prazer em estar aqui. Sensibiliza-me sempre!
Grande beijo
Taí, gostei muito.
Abraços.
Meu querido Hedu!
Que saudade desses textos MARAVILHOSOS que somente voce sabe escrever - ninguem mais!!!!!!!Nesse mundo!
Sao sete horas da manha aqui, e eu estou na sua pagina, lendo, e relendo seu texto. Como gosto de ler voce meu querido! Eh como se milhoes de perguntas viessem a minha cabeca.
Nao vou comentar agora. Porque eu somente li e "duli" (rs) mas quero "trilir", vi frases magnificas que quero comentar.
Voltarei. Me aguarde. Voce faz um cafe?
Bahhhh! nem precisa! Suas palavras sao verdadeiras adrenalinas...
Me espere! Eu volto!
Um beijo especialmente "teu".
MARY
É os dias estão sendo demolidos.
Texto muito forte.
bjs
Caro Eduardo,
Depois de 2 meses privada de net, por ter mudado de residência, aqui estou de regresso, finalmente, e venho, numa primeira visita, deixar um abraço e a promessa de voltar para ler e comentar, como é devido.
Um abraço
Meg
belo texto
beijos
não há ponto há
urgência
e
re-torno,
beijo
~
Eduardo
A forma peculiar, estrondosa ou silenciosa, como olhas, tacteias, atas e desatas em sentires as palavras... talvez seja por aí que começa o poema a ser poesia.
Parabéns por mais um magnifico delírio
quando descobrires esse silêncio, sussuras para que eu saiba?
beijos
Lindo...como sempre...
E tu, onde quer que estejas, hás-de encontrar sempre a poesia, pois ela está nos teus genes...:)
bjitos
Excelente texto... as palavras são o reflexo que o espelho não consegue absorver...
Escreva, escreva e assim vais passando os dias e nos oferecendo tão profundo texto.
Beijos.
A tua escrita é uma pagina de versos que tocam a alma e nos deixam a suspirar por mais!
Um beijo meu amigo
Tenho andado por aí e muito se diz e se escreve, mas vi aqui semelhança com o que busco e palpito... Os circos que propomos a montar e viver... um dia tem que acabar.
Abçs,
Novo Dogma:
reiNo...
dogMas...
dos atos, fatos e mitos...
http://do-gmas.blogspot.com/
"Vou sentir a sério sem brincar os bocados de mim que não seriam inteiros senão atacados pelo humor." Que achado. Adorei o texto, especialmente esse trecho. Bravo. Beijo.
Oh, Admirável e Mágico Amigo:
Um Post sensível em que "brincas" com as palavras num manusear perfeito. Fabuloso!
Possuis o dom e a postura de uma Cidadania íntegra, valiosa, exemplar e correcta, na forma como "interpretas" a existência, o teu mundo, em lindas letras jamais pensadas...não existe par...e na "entrega" aos livros que fazem sonhar...
MUITO OBRIGADO, pela tua pronta visita, notável e gigante amigo. Por quem nutro imensa estima! Tu és uma "preciosidade" de humanismo e de uma fabulosa presença nesta imensa Blogosfera.
Abraço de amizade e respeito.
Sempre a admirar-te
Peter Pan
Bem-Hajas, amigo majestoso e sensível.
Meu querido Hedu! (mui querido!)
Vim aqui ler voce de novo. Poderia nem escrever aqui quando viesse reler, e "triler", ne? Mas eu falo porque eu quero que voce me veja aqui... olha eu aqui!
Anotei tantas coisas lindas, e fico pensando nelas...voce eh incrivel! Que maravilhosa alma e que cabeca linda voce tem!
Me aguarde, que voltarei com os comentarios.
Ler voce eh entrar num mundo totalmente desconhecido, e descobrir sentimentos e palavras!
Um beijo carinhoso
MARY
Passei para te deixar um abraço e dizer que tudo continua bonito por aqui... teus textos são excelentes!
Beijo
_______________________________
É...Estamos sempre tentando achar explicações, princípios para as coisas... Por que será?
Por que simplesmente não aceitamos?
Questionador o seu texto, meu amigo!
Beijos de luz e o meu carinho...
_________________________________
*
Abstracto texto,
de mente enigmática,
impalpável dom,
roçando a metafísica,
,
abraço
,
*
Meu querido Hedu!
Voltei...para mastigar suas palavras, e ingeri-las
totalmente no meu coração.
Gosto de entende-las. Ou pelo menos, "supostamente"
entende-las. Porque na verdade muitas vezes nem nós mesmos
entendemos o que escrevemos, ou a veracidade de cada letrinha do modo quesai do nosso eu ....nao é assim?
"É porque mesmo onde não chego vou sempre com um lápis pronto a alvejar o papel"
Assim eu sou meu amigo...mesmo onde nao chego, acho que escrevo algo mesmono ar...
E sim! "A escrita é um antídoto eficaz para sobreviver à demolição dos dias"
Que belissima e verdadeira frase! Esse antidoto é o mais eficaz para a demolicao diaria das nossas decepcoes, das nossas tristezas, que por certo sao muito necessarias a todo ser humano. O sofrimento nos leva a entender tantas coisas, e a procurar sempre dentro de nos uma verdade.
Ah! mas essa frase, essa realmente eu inalei! "Não sei em que silêncio começa um poema a ser Poesia" Que coisa mais linda, Heduardo! Porque o silencio é o maior dos poemas!
No silencio compomos palavras impossiveis de serem verbalizadas ou escritas, porque estão
dentro de nós, vagantes sentimentos! Que lindo!Eu amei isso!
"Permanecer fiel ao delirio"... isso eh a verdadeira "sanidade".
"Chegarei com uma hora de atraso em relação aos meus relâmpagos"- fiquei a pensar nesses relampagos, e o atrasarmos para postergarmos nossos sofrimentos. Bom seria...
"Não regressarei enquanto não descobrir em que silêncio começa um poema a ser Poesia. Espectro!"
Agora vem aqui que vou segredar uma coisa no seu ouvido: "O silencio por si só, ja é
uma poesia".Sempre sinto o seu silencio como poesia.
Mas não conta para ninguem. Apenas e um segredo para que voce regresse logo, ta bom?
Um beijo carinhoso, um abraco muito especial dessa sua amiga que o tem no coração!
MARY
Olá, Mágico e Sensível Amigo:
Nunca ignoro, nem podia, um Génio.
Um talento do ser e do sentir em palavras admiráveis...notáveis...
Considero-te imenso...
Li este fantástico texto inúmeras vezes. Só me ocorre uma palavra: SUBLIME!
O teu talento ultrapassa muito estes tempos em que "habitamos" de contemporânidade..."avança" no tempo e no Universo muito distante.
Abraço amigo sincero
Sempre a considerar-te a ler-te com agrado e com incredulidade pelo teu enorme poder comunicativo através da palavras admiráveis e de magia pura...inalcansáveis...
pena
Um texto muito profundo mesmo.
Escreves com o corpo. :)
Bjos
OiêÊÊ....
Continue escrevendo!
Bjos
A escrita é um antídoto eficaz para sobreviver à demolição dos dias, concordo plenamente contigo!
E como gostava de saber em que silêncios me perco...
beijos
O azul de sent ir o mar e o gosto da espuma das ondas salpicar a tua criatividade e talento,...
o sonho esticado ao máximo...como elástico... e o teu é de um "material" único... sabe o dia e a noite o sabor de se sentirem observados quando tu estás... e a poesia é tão especial que a sol fica um pouco mais...
beijinhos
E o poema vira poesia aqui...
Adorei!
Pois...
Gosto de paradoxos. Desde que os descobri nos caminhos literários do liceu que sempre achei que eram eles que melhor definiam o que é isto de se ser humano. Sem os paradoxos, como poderemos jamais explicar a nossa alma, a nossa essência... mais... a nossa vida!
Gostei de ler os teus paradoxos. Muitos! Uns serão universais, outros tão próprios de ti. Não saberia dizer, mas adivinho-o.
Se voltares, voltarei também.
Kiss
Recebi da Isabelita dois selos que ando, com ternura e convicção a passar a quem julgo merecê-los.
E porque as tuas palavras são de cristal deixo-te na lapela do meu blogue os prémios (Cristal e carmim), que gostava que fosses buscar.
Um beijinho e bom fim de semana.
No burilar da minha solidão escrevo na água "memória do sempre" sílabas de paz… e lei-Vos.CCcerne e o verso
Para Ti: Tu, poeta, és o enlace entre a alma e o humanismo, a única e singular assinatura do mundo - o respeito, o afecto e amizade que damos uns aos outros. Gosto de Te Ler: «Não sei em que silêncio começa um poema a ser Poesia./Tenho os olhos nítidos como o azul fresco do céu./É porque mesmo onde não chego vou sempre com um lápis pronto a alvejar o papel./ Loucura-me o silêncio monossilábico que desce ao longo de mim. Cura estes dias que não são mais iguais a estes e desliga o tempo./Chegarei destemido e sem margens como as que delimitam o azul das águas. Podes pensar o que nem eu sequer sinto. Mas. Longe levarei o meu sorriso. Mesmo quando ir mais longe significar não sair daqui. Pois. Estou longe e para além de mim não há distâncias.»
Palavras mágicas, fascinantes, inspiradoras... Gostei!
O melhor mesmo é a gente não esticar muito a corda dos sentimentos e afectos . O esticão pode ser forte demais e a gente não aguentar ;)
abraços
"A escrita é um antídoto eficaz para sobreviver à demolição dos dias. "
concordo e assino em baixo.
Saludos.
Anita.
Abraços e bjos meus deixo a ti...
saudades...
xD
do silêncio brotam palavras tantas, disfarçadamente à toa, sem nexo no nexo em que somos essência
e um poema nasce assim
imortal ou tão somente intemporal
Íssimo, o abraço que te deixo.
"Já tenho idade para perder o juízo". rsrsrs... muito bom!
Bjos
tens uma escrita mt poética. lembro-me de ti no jornal mundo universitario. li-te da primeira vez como se aquele pequeno texto fosse um poema. gosto qd assim acontece.
T.
A escrita é um antídoto...sempre..
Muito bonito o texto...como sempre, aliás.
Beijos
escrita poética, muito boa, em todos os sentidos.
isto é talento e grande.
beij
aqui
onde muito bem se escreve
o POEMA
em português
.
um beijo
Sã consciência:
Sou quase uma mulher de meia idade
muito embora ninguém nunca tenha dito de quantos anos é feita uma idade inteira.
Uma mulher que deflora o tempo, o divide ao meio, transita por suas infinitas passagens e que aprendeu a extrair o seu poder anestésico e cicatrizante.
Manuseio o tempo, mantenho-o em lugar seco, arejado e o sorvo em forma de alquimia.
Não saberia te dizer onde começa a poesia, mas ficaria horas descrevendo as sensações que suas palavras causaram em mim.
obrigada. Abraços
Stella Tavares
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/stellatavares
www.manualdoinseguro.blogspot.com
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